quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Em defesa da legitimidade da esquerda política e contra a autocracia petista

Eu não sou mais de esquerda, basicamente porque considero que as políticas de combate à pobreza aumentam o número de pobres. Em geral, as medidas que supostamente combateriam a desigualdade acabam reduzindo o crescimento econômico e, portanto, aumentando a pobreza. O que se passa na Venezuela, na Argentina, em Cuba ou na Coréia do Norte é um evidência disto.
Entretanto, temos que reconhecer que a esquerda democrática é uma posição política legítima. Equivocada, segundo nosso ponto de vista, mas legítima. Em todas as democracias do mundo, absolutamente todas, há sempre um partido ou um bloco de esquerda. Se queremos construir uma democracia no Brasil, temos que aceitar a ideia de que um partido de esquerda democrática fará parte da paisagem. Eu serei adversário (veja bem, adversário, não inimigo) dessa corrente.
Um coisa importante, porém, é perceber que o PT vem se desqualificando para ocupar esse lugar. Em primeiro lugar, está ficando claro que o PT não tem qualquer compromisso com a democracia. Se, para se manter eternamente no poder, o partido tiver que atacar a democracia e até mesmo implantar a sua ditadura, está claro que ele não hesitará. Vai sempre recorrer ao discurso de ódio, do "nós contra eles", destinado a dividir a sociedade, à pressão sobre os meios de comunicação, à corrupção do Congresso e do Judiciário. tudo isso vem fazendo parte do cardápio bolivariano que o PT está cozinhando. 
Outro ponto é a corrupção. Não vou me estender sobre isto, pois as notícias estão ai, se sucedendo em velocidade alucinante. A corrupção petista não é igual a que existe no País desde sempre. É pior, pois visa mais do que o enriquecimento de uma elite parasitária. Visa a perpetuação dessa elite no poder como autocracia. Visa, portanto, destruir lentamente a democracia.
Marina e a Rede, o PSB, o PPS, o Eduardo Jorge, o PV e o PSDB são diferentes. São forças democráticas. Portanto, são adversários legítimos. Tem que haver um lugar para eles na democracia e também para novos grupos e partidos de esquerda democrática que venham a surgir. 
A direita antiquada e anti-comunista faria um bem a si própria se concentrasse os ataque na organização criminosa que capturou e desvirtuou o PT e parasse com esse discurso que equipara todo mundo, no diapasão do "é tudo Foro de São Paulo". Falam, no melhor estilo das teorias conspirativas, como se houvesse uma articulação centralizada, comandada a partir de Cuba, que une desde o PSDB até o MST! Esse discurso basicamente nos prejudica, pois levanta temores na esquerda democrática. Será muito mais difícil derrotar o PT sem a ajuda dessa esquerda democrática.
Por outro lado, a esquerda democrática faz um bem a si própria quando descola do PT e assume um caminho próprio. Marina, Eduardo Jorge, o PSB, PPS e o PV tiveram a coragem de apoiar Aécio no segundo turno e romper com o bloco petista. E foi isso que fez a candidatura do Aécio mudar de patamar.
Mas parece que uma parte da direita ainda não percebeu isso, ou não quer perceber. Afinal, o que essa parte da direita política quer no curtíssimo prazo: banir a força anti-democrática que o PT representa ou afirmar-se a si mesmos como "salvadores da Pátria"? Se o objetivo é tirar o PT do poder, a mais ampla frente deve ser construída e nela devemos incluir Marina, Eduardo Jorge, Roberto Freire etc. Agora, se o objetivo é só se credenciar como força emergente, enquanto o PT governa e se consolida, então vale ficar fazendo marketing de nicho e sair criticando tudo e todos. 
Essa é uma importante questão de escolha. Sair atirando contra todo mundo faz você ficar parecendo bem radical, bem "coerente", mas o PT colhe os maiores benefícios disso, pois esse radicalismo afasta os centristas e a esquerda moderada da luta contra o governo. Enfrentar o PT não é para amadores.

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