quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O PT e o ciclo político

Você petista que está indignado com as nomeações de Joaquim Levy e Katia Abreu merece a minha simpatia, pois você está sendo vítima de um estelionato. Venderam-lhe gato por lebre.

O que precisa ser entendido é que o PT não é mais um partido de esquerda ou de direita. É apenas uma espécie de PTB getulista. Um PMDB dos sindicatos e movimentos. Em resumo, um partido fisiológico, integrado também por quadrilhas de corruptos, mas que manipula com maestria certos símbolos caros à sua base social e a toda uma geração.

Uma certa direita primitiva ajuda a dar credibilidade ao PT "ideológico". Falam em reconstrução da URSS, em Pátria Grande Socialista e coisas do gênero. Há toda uma teoria conspirativa em torno do Foro de São Paulo, que não passa de uma imensa bobagem.

Não quero dizer que o PT não seja perigoso ou autoritário. Ele é. Mas não possui mais projeto político, só projeto de poder. Querem ficar lá para sempre, se locupletando, seja como for e governando com e para as grandes empresas, desde que as propinas sejam pagas.

Que novidade há em partidos se articulando numa organização internacional? Todos fazem isso (os de direita também). Na esquerda, é assim desde que Marx e Engels fundaram a I Internacional, no século XIX. Essa retórica em torno do Foro é feita sob medida para despertar o nacionalismo dos quartéis. É apenas uma justificativa para se pedir a tal intervenção militar, solução favorita dos que não acreditam na democracia e na força da própria sociedade para encontrar os seus caminhos.

Essa direita é muito útil ao PT. Quando todos estão prestes a abandonar o barco, fartos da corrupção, surge meia dúzia de malucos com pinta de fascistas e com saudades da ditadura. Exatamente o que o PT precisava para re-coesionar toda a sua base com o discurso: "pode haver corrupção, mas somos o partido de esquerda e democrático que resiste ao fascismo e blá, blá, blá... Voltam as imagens dos torturados, novas investigações da Comissão da Verdade e por ai vai.

Embora o PT não seja mais um partido de esquerda, você petista histórico sempre poderá matar a saudade do seu velho partidão. Afinal, temos eleições a cada dois anos. Tudo bem, você terá que amargar algum nível de ajuste fiscal em 2015. Você pode até ser gozado pelos seus amigos, mas lá para abril de 2016, pode contar: o PT esquerdista estará de volta, dividindo o país em nós e eles, destruindo amizades e plantando ódios de classe, regionais, raciais e religiosos. Fechadas as urnas municipais, o assunto será: para quanto aumentaremos o ônibus? E a vida segue em Pindorama!

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