Como professor de econometria, eu não posso acreditar que, diante de um resultado tão surpreendente, os dados não foram revisados com muito cuidado. Se fosse o exame final de um aluno de estatística, ele deveria ser reprovado.
Fica difícil, depois de uma dessa, acreditar em qualquer coisa dessa pesquisa. Mas vamos lá. Aqui há dois problemas. O primeiro é a interpretação da pergunta. Segundo relato da folha a pergunta é sobre a mulher ser "atacada". A palavra "atacada" não pode ser assim, ligeiramente, entendida como "estuprada". Não são exatamente sinônimos. Se a intenção era quantificar o apoio ao estupro, por que a pergunta não mencionou explicitamente "deve ser estuprada"? Qualquer técnico sabe disso.
A segunda questão é que não são bem 26% os apoiadores do "ataque". Segundo o IPEA, 12,8% concordam parcialmente com a frase e 13,2% concordam totalmente, o que soma 26%. Bem, quem concorda parcialmente também discorda parcialmente.
Claro que todo e qualquer estupro, um que seja, é inaceitável. Mas o que o IPEA fez, na semana em que todos soubemos do bilhãozinho da Petrobrás, também é inaceitável. Essa pesquisa é uma vergonha e já houve um pedido de demissão. É pouco.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/04/1435877-pesquisa-que-indica-apoio-a-ataques-a-mulheres-esta-errada-diz-ipea-so-26-concordam.shtml
Além de tudo isso, dos 13,2% é provável que a maioria não tenha percebido a diferença entre merecer ser estuprada e agir de forma que aumenta a probabilidade de ser estuprada. Realmente uma pesquisa errada do início ao fim.
ResponderExcluirEsse erro causou um grande impacto negativo na já péssima imagem do Brasil. E quanto a pergunta da pesquisa, dá a impressão que foi feita de forma a causar confusão. A pergunta foi mal formulada.
ResponderExcluir"Eu não mereço erro do IPEA"